Por Mariana Madureira
Você sabe o que é economia solidária? “É uma maneira de organizar atividades econômicas, produção, distribuição, consumo. O que caracteriza a economia solidária é o fato de que os meios, os empreendimentos de economia solidária, são propriedade das pessoas que trabalham neles. A famosa divisão, tão comum no capitalismo, entre os empregadores – que são os proprietários – e os trabalhadores – que trabalham em troca de um salário – não existe na economia solidária. Não há patrão. E a caraterística fundamental: ninguém obedece porque ninguém manda”, definiu Paul Singer, professor, economista e teórico da economia brasileira.
Mas o que isso tem a ver com turismo?
Fazendo relação ao conceito trazido por Singer, é ter as pessoas de uma comunidade trabalhando com autonomia, como protagonistas das atividades econômicas regionais, inclusive do turismo e sua produção associada – artesanato, gastronomia, agroecologia, cultura etc.
A prática possibilita olhar para o coletivo em rede, suas necessidades, e o território. Essa modalidade é chamada de Turismo de Base Comunitária (TBC).
Desta maneira, esse tipo de atividade turística é desenvolvida com base nos princípios da transparência, da conservação e participação, em que o principal atrativo é o modo de vida da população local.
O objetivo é beneficiar prioritariamente os moradores, que são os gestores e os proprietários dos empreendimentos turísticos, valorizar a cultura e contribuir com a preservação do meio ambiente.
O Brasil tem um potencial gigante para tal – já que, com sua diversidade e riqueza territorial, possui muitas comunidades tradicionais: tem indígenas, tem quilombolas, tem caiçaras, tem ribeirinhos. Por isso, achei válido trazer essa reflexão para comemorar o dia 8 de maio, Dia Nacional do Turismo.
Tais pessoas podem usar esse importante setor econômico como uma ferramenta desenvolvimento sustentável, de empoderamento, de autonomia e de potência para se manterem no território, para mostrar a cultura tradicional delas e perpetuar suas raízes. Isso está completamente relacionado com os atributos trazidos por Singer, de uma economia mais solidária, de igual para igual.
Iniciativas brasileiras
Faço parte há alguns anos da Rede Brasileira de Turismo Solidário e Comunitário (Turisol).
O grupo virtual reúne iniciativas ao longo de todo o território brasileiro e, esporadicamente, nos encontramos para reacender os debates sobre o turismo solidário por meio de workshops, palestras e apresentações culturais. Inclusive, a Raízes Desenvolvimento Sustentável, negócio social do qual sou cofundadora e diretora, foi responsável pela organização do segundo encontro nacional da rede, lá em 2015.
Por conta da minha experiência em gestão de projetos colaborativos, turismo sustentável e diálogo com comunidades tradicionais, tive a honra de ser convidada para apresentar um dos episódios da série televisiva chamada Planeta Solidário. São 13 episódios de 26 minutos sobre a economia solidária.
Cada edição trata de um tema relacionado a este modo de produção e organização social e apresenta experiências bem sucedidas, políticas públicas e estratégias de gestão alternativas ao modelo capitalista. A gravação da qual faço parte fala sobre o TBC.
O material será exibido no canal CINEBRASILTV, ainda sem previsão de estreia. Por enquanto, você pode conferir os teasers no site do Laboratório Cisco. E garanto uma coisa: a produção está muito rica e informativa! Indico acompanhar as mídias sociais da Raízes para saber quando for ao ar.
Autor
-
A Raízes é um negócio social que busca diminuir as desigualdades sociais e o desequilíbrio de gênero com soluções de sustentabilidade no turismo e sua produção associada: gastronomia, artesanato, cultura e agroecologia. A empresa atua na cocriação de soluções para comunidades em conjunto com empresas, governos e ONGs interessados em fortalecer o capital social e valorizar os ativos culturais dos territórios em que estão inseridos. Nossa principal área de atuação está no desenvolvimento de projetos de turismo sustentável, geração de renda e equidade de gênero, além do enfoque na governança coletiva ou em rede. Desde de sua fundação em 2006 a empresa já desenvolveu projetos em todas as regiões do Brasil e na África impactando diretamente mais de 220 mil pessoas e indiretamente cerca de 3 milhões em mais de 60 projetos, a maior parte deles focando no público de comunidades tradicionais, populações vulneráveis e mulheres.
Ver todos os posts