O ser humano sabendo-se parte da natureza, e não se presumindo superior a ela, é o ponto em que precisamos chegar. E, claro, para que esse processo seja eficaz a noção de pertencimento precisa estar aliada a mais cooperação e menos egoísmo. Daí a importância de estudarmos e compreendermos o termo, tão falado e tão necessário, que é sustentabilidade.
Para aquelas pessoas mais conectadas à natureza e sensíveis ao tema, ao conhecerem o significado da palavra — e, mais amplamente, o que representa para a humanidade fazer o valer o desenvolvimento sustentável, — é definitivamente impossível manter todos os velhos hábitos de consumo no aspecto mais abrangente da palavra.
Ser sustentável ou agir predatoriamente?
Atitudes sustentáveis são muito mais coerentes com nosso instinto nato de sobrevivência do que o contrário. Por si só, essa constatação já deveria ser capaz de nos levar pelo caminho mais inteligente e respeitoso com o meio ambiente e com os que dele fazem parte, inclusive, todo e qualquer ser humano.
Ser sustentável pressupõe a capacidade de interagir com tudo ao redor de forma a não as exaurir, tampouco, deixar rastros predatórios. Ou seja, uma geração precisa ser suficientemente responsável a ponto de se preocupar com o fato de que gerações futuras habitarão este planeta. Assim, suas necessidades serão supridas e um ambiente limpo, organizado e repleto de recursos naturais permanecerá.
Posto que cada um de nós é um “organismo único pertencente a um grupo” — definição de indivíduo no Dicionário Priberam — precisamos levar em consideração que nossas atitudes, mesmo quando pequenas, são extremamente relevantes. Em um primeiro momento podemos, simplesmente, servir à coletividade como um exemplo de ações conscientes. E isso, de alguma maneira, certamente fica registrado.
Em segundo lugar, a soma de nossas ‘pequenas’ atitudes vai formando algo grandioso e, com o tempo, vai-se fortalecendo uma cultura, no caso, da sustentabilidade. Uma terceira questão é que quando nos atentamos para alguma situação e detectamos um problema, a condição natural é buscarmos a solução, com isso, criamos demandas relevantes para toda a sociedade.
Como é a sustentabilidade na prática?
Fato é que precisamos, sim, fazer um uso tangível do conceito. Mas quais seriam as ‘pequenas’ ações a serem realizadas tanto individual quanto coletivamente? Lembrando aqui que ‘fazer um pouco’ é muito melhor do que não fazer nada.
Ações individuais
- escolher bem o que vai consumir, sabendo como é o posicionamento real das marcas, qual é a pegada de carbono deixada por cada uma delas, como são destinados os resíduos gerados no processo de fabricação, se são respeitadas as leis trabalhistas;
- cuidar das embalagens com a mesma atenção que se dá ao conteúdo do que foi comprado, ou seja, não descartar de qualquer jeito, procurar saber se é reciclável e se efetivamente é reciclado na região em que mora, higienizá-las para que não juntem vetores;
- organizar a forma de descarte de tudo o que passa pelas mãos, e já não serve mais, de maneira a reduzir ao máximo a porcentagem do que vai para o aterro sanitário ou lixão da cidade;
- fazer a compostagem dos resíduos orgânicos produzidos no dia a dia. Cascas de frutas e legumes, partes estragadas desses mesmos alimentos, restinho de comida, entre outros, podem ser reciclados para a produção de adubo natural;
- não fazer uso daqueles itens que passam por um processo complexo de produção e que acabam sendo utilizados durante 5 minutos no máximo, como copos, pratos, talheres, canudos de plástico ou bandejas de isopor, além de tantos outros.
Ações coletivas
- participar de movimentos que debatem e promovem reflexões a respeito do tema;
- divulgar e participar de plantação de árvores;
- sendo uma empresa, pode-se adotar e cuidar de canteiros da cidade;
- dentro da empresa, pode-se promover a consciência de respeito e cuidado com os resíduos;
- fazer uso de lavanderias em vez de ter máquina de lavar roupas;
- utilizar espaços compartilhados de trabalho em vez de um escritório individual;
- apoiar a criação e manutenção de vilas ecológicas.
Esses são apenas singelos exemplos de uma lista muito grande e que se torna muito mais detalhada à medida em que vamos nos aprofundando. Mas fica a pergunta, quais as marcas que queremos deixar no mundo, em nosso país, nossa cidade ou em nossa casa?
Mesmo com todo esse empenho, alguns dizem que talvez não consigamos salvar o mundo e que esse papo de sustentabilidade é uma grande bobeira. Mas, uma coisa é certa, agindo sustentavelmente, nos aproximamos da natureza e do seu ritmo e nos tornamos mais conscientes do que somos e a que viemos. É isso que importa no final das contas.
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Clarissa é promotora de um estilo de vida integrado à natureza e cofundadora da Zera Zero. Formada em Comunicação Social com especialização em Publicidade e Propaganda, compreendeu muito cedo que a grande indústria gera excessos em todos os níveis e que, portanto, precisa de um freio. Acredita que o foco da vida não pode estar no verbo “consumir” e, por isso, elaborou hábitos simples, de uma vida centrada no autoconhecimento e próxima à Mãe Terra. Gosta de escrever, abraçar árvores, andar descalça e de balanço, além de olhar nos olhos. Ela quer ser uma samurai, por isso pratica Iaidô, que é a arte de desembainhar espadas.
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